Sócrates assume autoria de projectos assinados

José Sócrates reagiu esta sexta-feira à notícia avançada pelo jornal 'Público', que dá conta de que o primeiro-ministro assinou projectos que não eram seus durante a década de 80, qualificando o artigo como "um ataque pessoal e político". O primeiro-ministro assume a autoria e a responsabilidade de vários projectos assinados por si, enquanto engenheiro técnico, na década de 80.
José Sócrates fez esta declaração, a seu pedido, pouco antes da tomada de posse, ao final da manhã de hoje, dos sete novos secretários de Estado, no Palácio de Belém, em Lisboa.

"Quero fazer uma breve declaração para considerar absolutamente deplorável a notícia do Público, que me diz respeito. É uma pretensa notícia. É basicamente um ataque pessoal e político", afirmou.

"Todos os projectos que assinei durante a década de 80 são da minha autoria e da minha responsabilidade", afirmou aos jornalistas no Palácio de Belém o chefe do Governo.

José Sócrates considerou ainda a notícia do 'Público' "um insulto", mas não esclareceu se vai ou não processar o jornal.

A notícia divulgada hoje pelo 'Público' tinha já sido desmentida pelo gabinete do primeiro-ministro.

Numa carta citada pela rádio 'TSF', esta manhã, e que continha as mesmas respostas enviadas em Outubro último ao 'Público' sobre a actividade profissional de José Sócrates na década de 80, o gabinete do chefe do Governo classificou a notícia avançada por aquele matutino como falsa.

"Reiteramos a falsidade da notícia, que reporta a factos de há 28 anos, e reiteramos que o primeiro-ministro assume a autoria e a responsabilidade de todos os projectos" que assinou e que a sua actividade profissional privada se desenvolveu "sempre nos termos da lei".

O gabinete de José Sócrates explica, nesta carta, que o actual chefe de Governo exerceu funções de engenheiro técnico nos quadros da autarquia da Covilhã entre 1981 e 1987, que acumulou com as funções idênticas numa empresa privada. Sócrates cessou as suas funções na câmara da Covilhã quando surgiu uma incompatibilidade determinada por um decreto-lei de 1989, refere o mesmo documento.

Na sua edição desta sexta-feira, o 'Público' noticia que José Sócrates assinou projectos de arquitectura e engenharia relativos a edifícios localizados na Guarda, ao longo da década de 1980, cuja autoria os donos das obras garantem não ser dele.

Aquele jornal consultou aleatoriamente mil dos cerca de quatro mil projectos submetidos à Câmara Municipal da Guarda entre 1981 e 1990, tendo encontrado 27 com a assinatura do actual primeiro-ministro. Aquela publicação cita os donos das obras a que dizem respeito os referidos projectos, os quais asseguraram que estes não são da autoria de Sócrates.

O 'Público' refere ainda que há projectos assinados na altura em que José Sócrates foi engenheiro técnico ao serviço da autarquia da Covilhã, no entanto, esse documentos são manuscritos e a letra usada não corresponde à do primeiro-ministro. De acordo com o jornal, a letra que consta nesses autos corresponde a Fernando Caldeira, colega de curso de Sócrates, e que por ser funcionário da autarquia não podia legalmente assumir a autoria de projectos na área do concelho.

In Correio da Manhã