terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

"Madeira deve ser um Estado federado dentro da República Portuguesa"

"Madeira deve ser um Estado federado dentro da República Portuguesa" Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional da Madeira

O presidente do PSD-M, Alberto João Jardim, assume-se como federalista e considera que Portugal deveria ser uma federação, em contraponto ao Estado unitário actualmente consagrado na Constituição da República portuguesa.

"Ideologicamente e em termos de autonomia política, eu, hoje, sou um federalista", revela Alberto João Jardim em entrevista à Agência Lusa.

"Entendo que a Madeira, independentemente da restante estrutura do Estado ser federal ou não federal, deve ser um Estado federado dentro da República portuguesa", acrescenta o líder do PSD-M e presidente do Governo Regional, numa abordagem à moção que leva ao XII Congresso Regional da Madeira do seu partido, que se realiza, no Funchal, a 05 e 06 de Abril.

Na moção que leva ao Congresso, o militante número 29 do PSD-M defende a criação do "presidente da Região" à semelhança do que acontece no regime constitucional espanhol.

"Como na Constituição espanhola, a legislação deve ser promulgada pelo "Presidente da Região" e responsável pelo Executivo, eleito pelos seus pares, deputados na Assembleia Legislativa da Região Autónoma, legislação obviamente sujeita à fiscalização do Tribunal Constitucional ou da Instituição que um dia necessariamente o substitua", escreve João Jardim na moção "Vencer 2011", cuja sugestão considera, no entanto, ser ainda "uma posição mitigada" face à sua assumida posição federalista.

"Sou um homem livre em democracia e é isso que concebo para a Madeira", adianta, lembrando que a Região "já tem alguns aspectos de Estado federado, nomeadamente poder legislativo, obrigação de ser ouvida em matéria de política externa que envolva o seu território e detém as receitas fiscais nela cobradas".

Recusa o epíteto de independentista ou semi-independentista que alguns sectores o acusam "porque tem orgulho em ser português mas não tem orgulho em certos portugueses" e defende uma revisão Constitucional em 2009 que defina e clarifique as competências do Estado e das regiões autónomas: "há campos que ficam para o Estado, há campos que ficam para a Região e é essa a visão federal que tenho para as autonomias".

João Jardim advoga que os atributos de soberania, os direitos liberdades e garantias, o direito penal e de família, a política externa e de defesa, as alfândegas e os tribunais de recurso devem ser competências do Estado "e o resto é com a Região".

"Nem o Estado se mete na vida da Região, nem esta se mete na vida do Estado", declara nesta concepção de um novo ordenamento jurídico-político de Portugal.

Afirma que, independentemente do Governo que sair das eleições legislativas nacionais de 2009, os deputados da Madeira à Assembleia da República suscitarão um processo de revisão constitucional que tenha em linha de conta o que a sua moção defende.

"Se o Estado recusar a revisão Constitucional sem a fundamentar devidamente porque é que a recusa, aí teremos um problema complicado e os madeirenses deverão, então, reagir", chama a atenção.

"Estas questões da autonomia - conclui o presidente do PSD-M - já estavam há muito tempo resolvidas se fosse possível, constitucionalmente, fazer um referendo sobre a autonomia porque tanto os madeirenses como os açoreanos sabem o que querem".

In Expresso

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