A tese de uma equipa de cientistas alemães vem corroborar as suspeitas já antigas dos adeptos do desporto-rei: os grandes desafios de futebol provocam ataques cardíacos. Os cientistas da Universidade de Munique estudaram os efeitos dos jogos durante o Mundial de 2006, na Alemanha, e concluiram que para um homem, o risco de ter um ataque cardíaco ou algum problema do coração grave era três vezes superior nos dias em que a sua selecção jogava. Já para uma mulher, o risco era 82% superior.
Os casos de emergência ocorreram, em geral, duas horas antes ao início de uma partida. "Assistir a um jogo stressante mais do que duplica o risco de um ataque", escreveu o Dr. Ute Wilbert-Lampen no 'New England Journal of Medicine'.
Para medir o impacto de um jogo, a equipa de especialistas observou mais de quatro mil fichas médicas durante o período em que jogou a selecção germânica, mas também os 24 dias em que foram disputadas partidas entre selecções de outros países, bem como outros 242 dias em 2003, 2005 e 2006. Só os adeptos alemães que tiveram problemas foram incluídos na pesquisa.
"Seis dos sete jogos em que participou a equipa alemã estiveram associados a uma subida do número de emergências cardíacas", escreveram os médicos. O maior número de casos ocorreu durante os quartos-de-final, no Alemanha-Argentina, jogo que se prolongou até ao período de grandes penalidades.
No desafio seguinte, em que a Alemanha perdeu contra a Itália, originou igualmente um elevado número de casos de ataques cardíacos. Pelo contrário, o Alemanha-Portugal, do jogo que decidiu os terceiros e quartos classificados, teve um número baixo de ocorrências. A selecção germânica bateu os portugueses por 3-1. "Aparentemente, a intensidade do jogo é mais importante do que se a equipa ganha ou perde", defendem os cientistas.
In Expresso