segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

PSD desiste de pedir explicações a Sócrates

PSD desiste de pedir explicações a Sócrates


Depois de ter anunciado para sábado, pela voz do assessor de imprensa, José Mendonça, uma reacção às notícias do 'Público' que levantavam dúvidas legais e éticas às actividades pública e privada de José Sócrates nos anos 80 e 90, o PSD recuou. O esboço de comunicado que a direcção social-democrata chegou a ter pronto recolheu à gaveta e, para já, o maior partido da oposição desistiu de accionar o pedido de explicações ao primeiro-ministro, que ponderou seriamente pôr em marcha no passado fim de semana.

Para este recuo contribuiram três factores. Primeiro, o facto de a segunda manchete do 'Público' (a de sábado) sobre alegadas incompatibilidades no percurso profissional do então deputado José Sócrates ter sido considerada pela direcção do PSD como "pouco relevante". Em causa estava o facto de Sócrates ter recebido pagamentos de uma empresa de construção quando já assumira um regime de exclusividade com o Parlamento, mas o facto de a quantia em causa (justificada pelo primeiro-ministro a título de acerto final de contas) se resumir (à época) a 95 contos, esvaziou a expectativa dos sociais-democratas.

"Os novos dados acabaram por não ser relevantes", afirmou ao Expresso fonte próxima do líder do PSD, confirmando que "aquilo que se esperava que funcionasse como um crescendo acabou por ser um decrescendo". Quanto à notícia anterior, que dava conta de uma série de projectos que José Sócrates terá assinado na câmara da Guarda sem serem da sua autoria, quando trabalhava como técnico na Covilhã, a direcção do PSD concluiu que, não tendo sido declarada qualquer quantia no IRS de Sócrates, não há forma de provar os eventuais pagamentos. Os sociais-democratas acabaram, assim, por desistir de tomar uma posição, pelo menos para já. Isto apesar de José Mendonça ter afirmado, sexta-feira, ao Expresso, em nome da direcção do partido: "o PSD está a acompanhar o assunto com preocupação e tomará uma posição amanhã".

As palavras de Cavaco Silva, sábado de manhã, a esvaziar a polémica ao recusar comentar o assunto por se estar a viver "um período de folia", reforçaram a percepção de que seria politicamente precipitado interpelar o primeiro-ministro com bases nos dados sobre a mesa. Um terceiro factor que aconselhou moderação ao PSD foi a notícia do Expresso que, também no sábado, dava conta de favorecimentos ao Casino por parte do ex-Governo de Santana Lopes. Para a direcção do partido, a aposta passou a ser outra: "deixar que a opinião pública julgue os comportamentos que se vão acumulando do passado do primeiro-ministro".


In Expresso

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