sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Há mais voluntários mas menos disponibilidade

Este foi um dos temas abordados no Fórum Nacional do Voluntariado nos Bombeiros Portugueses que decorreu no último sábado em Pinhel. A iniciativa juntou, segundo números da organização, 500 "soldados da paz" de todo o país.

De acordo com Duarte Caldeira, nos últimos três anos, o número de novos voluntários que ingressaram nos corpos de bombeiros foi superior "aos ingressos verificados no triénio anterior e o número de demissões diminuiu no mesmo período". Contudo, também há registo de que "78% dos serviços prestados pelos bombeiros", no período diurno das 8 às 20 horas de segunda a sexta-feira, são assegurados por pessoal "remunerado", acrescentou o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).

Por outro lado, o voluntariado continua a ser "determinante na esmagadora maioria dos corpos de bombeiros do país, à noite e durante o fim-de-semana", constatou. "Há mais voluntários, mas menos disponíveis" para assegurar um milhão de serviços de emergência por ano e 1,5 milhões de transportes de doentes por ano, assegurou.

Segundo o dirigente, não é verdade que as associações não tenham capacidade de atrair juventude e voluntários. "O que realmente reduziu foi o tempo de serviço de cada voluntário, ou seja, a sua disponibilidade", por força da actividade profissional por conta de outrem.

Por isso, Duarte Caldeira defende a "profissionalização mínima como uma inevitabilidade". O que, na prática, se traduziria na criação de equipas de intervenção permanente, "através de uma parceria entre administração central, local e as respectivas corporações, dando assim segurança às populações", explicou.

O presidente da LBP defendeu ainda que é necessário "reinventar o voluntariado, afirmando-o com convicção", já que os portugueses "não podem continuar a querer dispor do voluntariado nos bombeiros, como quem dispõe de mão-de-obra barata". Até porque "ser voluntário não pode significar amadorismo no exercício da missão. Tem que significar a mesma segurança, independentemente do corpo de bombeiros ou do vínculo laboral do agente que presta serviço", argumenta. Nesse sentido, considera que não pode ser bombeiro voluntário "quem não se dispuser a aprender para ser profissional na acção", pois "só a boa vontade e o desejo de emprestar algumas horas à comunidade já não são, hoje, suficientes".

Congratulando-se por o Fórum ter sido realizado no "país real, no interior", garantiu que a situação de Alijó poderia acontecer "na Guarda, Vila Real ou em qualquer outro ponto do país". O presidente da LBP aproveitou para recordar a falta de redes hospitalares que sirvam as populações de vários municípios do interior: "Os bombeiros estão disponíveis para protocolar com o Instituto Nacional de Emergência Médica a criação das condições adequadas para responder às necessidades de socorro", sublinhou.

In Expresso

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